Agradeço a todos e a todas que confiaram em mim e depositaram seu voto na urna. Tivemos uma votação expressiva, mas não foi suficiente para eleger. Agora é hora, mais do que nunca, de não esmorecermos e arregaçarmos as mangas para eleger a DILMA nossa Presidente, para o Brasil continuar mudando e não voltarmos aos tempo do atraso e do retrocesso.

CONTO COM VOCÊ! A LUTA CONTINUA....

Luis Vanderlei LARGUESA


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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Altos e baixos de uma transição de aliados

Depois de uma campanha amistosa, a passagem do governo de Serra para Alckmin traz de volta as divergências entre os tucanos

14 de novembro de 2010 | 0h 00

Julia Duailibi e Roberto Almeida - O Estado de S.Paulo

Há quase quatro anos, o recém-empossado governador de São Paulo, José Serra (PSDB), assumia o comando do Estado anunciando um pente-fino nas contas públicas, com a renegociação de contratos, a redução das despesas com cargos em comissão e a adoção obrigatória do pregão eletrônico. Defendia uma economia de recursos para "gastar melhor" e chegou a sugerir a existência de funcionários fantasmas na folha de pagamento.


Após tomar posse, assinou os oito decretos que pretendiam fazer a "faxina". Na plateia no Palácio dos Bandeirantes, visivelmente constrangido, estava o ex-governador Geraldo Alckmin, que havia tocado o Estado por cinco anos até deixar a cadeira para disputar a Presidência da República pelo PSDB.

Eleito governador por São Paulo neste ano, Alckmin prepara agora sua "faxina" do governo Serra-Alberto Goldman. Embora tenha vencido a eleição explorando o discurso da continuidade - e, de fato, tenha intenção de manter programas da atual gestão -, o novo titular do Palácio dos Bandeirantes pretende seguir a própria cartilha, extinguindo pastas, aumentando projetos esvaziados pelo sucessor e colocando em pauta "esqueletos" deixados pela dupla que o sucedeu.

No escritório de transição, no 12.º andar do Edifício Cidade, na Rua Boa Vista, centro de São Paulo, colaboradores de Alckmin têm olhado com lupa dados do governo. O Estado conversou na semana passada com integrantes da equipe para traçar o diagnóstico sobre as mudanças mais urgentes que o quinto governo consecutivo do PSDB em São Paulo pretende adotar.

Saúde. O sinal vermelho acendeu em algumas áreas, como na saúde. Houve crescimento de gasto com custeio no setor, impulsionado neste ano pelas vitrines sociais de Serra, como as AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades). Resultado: a pasta deve terminar 2010 com um déficit de R$ 900 milhões.

O processo de concessão do Rodoanel também não foi bem digerido por aliados do governador eleito. O consórcio vencedor, anunciado no começo do mês, apresentou deságio de 63,35% e desbancou tradicionais operadores do setor de transportes, mas acabou levantando dúvidas na equipe de transição sobre a capacidade de tocar as obras do Trecho Leste.

Entre outros pontos fracos apontados pela equipe, estão a demora para a construção de cerca de 50 novas penitenciárias, assim como a execução da Linha 5-Lilás do Metrô, cuja licitação foi suspensa após denúncia contra as empresas envolvidas.

O governador eleito deve extinguir algumas secretarias criadas por Serra. Crítico dos gastos com publicidade, que aumentaram na gestão atual, Alckmin pretende acabar com a Secretaria de Comunicação, que pode voltar a ser uma assessoria ligada à Casa Civil, e com a Secretaria de Ensino Superior. Entram novas pastas, como Gestão Metropolitana e, provavelmente, Turismo, que serviria como articuladora dos investimentos para a Copa do Mundo.

Um dos projetos criados por Alckmin colocados em banho-maria por Serra foi a transferência da estrutura administrativa do Palácio dos Bandeirantes para o centro. O prédio onde funciona a transição havia sido preparado por ele para ser o gabinete oficial do governador. Mas, quando assumiu, Serra transformou o lugar na sede da Secretaria de Ensino Superior. Agora, Alckmin extinguirá a pasta e retomará o projeto original.

"Esqueletos". O levantamento feito pela transição aponta "esqueletos" deixados pela administração Serra-Goldman. Entre os assuntos que ficaram pendentes para resolução do novo governo, estão a renegociação da dívida do Estado e a revisão das concessões antigas na área de transportes, que pagam Taxas Internas de Retorno em desacordo com o cenário econômico atual.

A nova administração tucana deve retomar vitrines da gestão Alckmin congeladas ou desidratadas por Serra, como o Escola da Família, o Bom Prato e os mutirões habitacionais. O esvaziamento dos programas desagradou os aliados do governador eleito e serviram até de munição nos debates eleitorais, quando Dilma Rousseff (PT) citou o Escola da Família para dizer que Serra não dava continuidade a projetos que não eram dele. "Quero apenas que minhas ideias continuem", já adiantou o atual secretário de Habitação, Lair Krahenbuhl, com quem Alckmin manteve entreveros quando eram colegas no secretariado de Serra.

"O novo governo de Geraldo Alckmin será conceitualmente diferente da gestão anterior dele. Será mais político e mais articulado. Ele aprendeu com os erros do passado", afirmou um aliado do governador eleito. "Uma diferença mais clara é que não há a preocupação de Alckmin, pelo menos neste momento, de montar uma candidatura presidencial tendo São Paulo como vitrine, como já era o caso de Serra ao assumir (o governo)", acrescentou.

Apesar de alterações da estrutura administrativa do Estado, outras iniciativas criadas por Serra e consideradas bem-sucedidas vão continuar, como a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, ações na área de arrecadação, como a Nota Fiscal Paulista e a substituição tributária, e na de gestão, como a bonificação por mérito dos servidores.

Alckmin montou uma equipe de assessores e parlamentares que lhe foram fiéis no auge de seu isolamento no partido, na malfadada disputa pela Prefeitura paulistana, em 2008. Embora tenham sido construídas pontes com os serristas neste momento de transição, nos bastidores estabeleceu-se uma firme demarcação de território. A composição da equipe de transição, com a cara do governador eleito, é antes de mais nada uma imposição de "respeito", segundo um tucano ligado a Alckmin.

Serra não está alheio à condução dos trabalhos. Antes de embarcar para a Europa, telefonou algumas vezes para o escritório de transição, conversou com secretários estaduais e, é claro, com Alckmin. Mesmo de longe, tem colhido informações sobre o novo governo.

Disputa. O pano de fundo da relação entre a equipe que entra com Alckmin e a que sai com Serra-Goldman é a disputa, ainda tácita, pela liderança do partido em São Paulo e pela condução do projeto nacional do PSDB, que culminará no nome que disputará a Presidência da República em 2014. Os ex-governadores são protagonistas de uma relação que já foi bastante conflituosa. A relativa proximidade durante a Assembleia Constituinte deu lugar ao distanciamento eleição após eleição, evidenciado na corrida paulistana de 2008, quando Serra, do Palácio dos Bandeirantes, apoiou nos bastidores a reeleição de Gilberto Kassab (DEM), com quem compôs chapa na disputa pela Prefeitura em 2004, contra o colega de partido.

No caminho para a construção de sua candidatura à Presidência da República, Serra estendeu as mãos a Alckmin, convidando-o a assumir uma secretaria em seu governo, numa das principais cartadas políticas de sua trajetória derrotada ao Palácio do Planalto. À revelia de aliados e até familiares, Alckmin retribuiu dedicando-se com afinco à campanha de Serra neste ano.

Com a missão cumprida e reconhecida internamente, Alckmin será agora o fiel da balança na disputa interna entre Serra e o senador eleito Aécio Neves (MG). Seu discurso de posse dará as pistas sobre se pretende seguir um caminho independente ou marchar unido aos serristas.

Independentemente da trilha escolhida, não repetirá as palavras de seu ex-vice, Cláudio Lembo (DEM), que disse, ao transmitir para Serra o cargo recebido de Alckmin: "Me ofereceram uma Maserati, e eu levei um Fusca 1966".


Fonte: Estadão.com.br

Marcos Coimbra diz que candidatura Serra deixou sequelas em São Paulo. Transição com Alckmin ocorre sob discordâncias

17/11/2010

O desafio dos tucanos

Fonte: Artigo – Marcos Coimbra – Estado de Minas

Não há lugar melhor para ver as sequelas da candidatura Serra que em São Paulo. Lá, a transição entre os governos Serra/Goldman e Alckmin acontece sob o signo de profundas discordâncias
As eleições mal acabaram e são visíveis as feridas deixadas pela candidatura Serra no conjunto das oposições. Ela foi ruim para todas e, em especial, para seu partido. O PSDB foi afetado de várias maneiras.

Depois de uma derrota, é natural que os partidos levem tempo para se recuperar. Salvo, no entanto, quando são acachapantes, não é raro que elas os façam até crescer, ao revigorar o espírito de corpo de seus integrantes e fortalecer a militância. Vencer é bom, mas costuma conduzir ao comodismo e às brigas internas pelo poder. Perder, às vezes, lhes enrijece o ânimo.

Não é isso que estamos vendo na oposição. Pelo contrário, ela sai da eleição presidencial mais dividida, menos orgânica e mais enredada nos problemas que ela própria criou ao longo do ano.

Seria fácil atribuir ao ex-candidato a responsabilidade por tudo que aconteceu. Em parte, é correto cobrar dele o modo como se comportou, as escolhas de estratégia e tática, o discurso adotado. Afinal, com o centralismo e a indiferença à opinião de seus companheiros que caracterizaram a campanha Serra, só ele pode ser culpado por seus equívocos.

Mas de uma coisa não se pode incriminar José Serra: a opção por seu nome. Por mais que tivesse meios para influenciar seus correligionários, por mais que pudesse fazer com que um ou outro dos partidos da oposição o apoiassem, a decisão de torná-lo candidato não foi dele. Ou seja: o grande erro das oposições este ano foi da direção dos partidos e não seu.

Em retrospecto, é difícil entender por que houve tanta incompetência na condução do processo de escolha do nome que as oposições apresentariam. Que Serra desejava a indicação era evidente, pois ele nunca escondeu que seu único propósito na vida (política) era chegar à Presidência. Daí, no entanto, nada deveria decorrer para o cálculo das oposições. Era no conjunto das forças oposicionistas, políticas e na sociedade que as lideranças deveriam ter pensado, e não nas preferências e nos projetos pessoais do ex-governador. O fato de ele querer ser candidato (e ter amigos na imprensa que o defendiam) era apenas um argumento em seu favor, que não deveria ser conclusivo.

Não há lugar melhor para ver as sequelas da candidatura Serra que em São Paulo. Lá, a transição entre os governos Serra/Goldman e Alckmin acontece sob o signo de profundas discordâncias, parecidas com as que presenciamos quando os dois estavam em lugares inversos.

Quem semeia ventos, colhe tempestades. Quando assumiu o governo do estado em 2007, Serra foi tudo, menos elegante em relação a seu antecessor. Alckmin teve que ouvir, calado, as críticas de Serra à sua gestão, ainda que contasse com a aprovação de mais de 80% da opinião pública.

Agora, Alckmin devolve a fatura, na mesma moeda. O serrismo e os serristas estão indo embora e sendo substituídos por quem sempre esteve do lado do governador eleito. A turma e as ideias de Serra (que nunca contaram com respaldo popular comparável ao de Alckmin) tiveram vida curta.

Foi inútil a tentativa de atrair o futuro governador, dando-lhe, em 2009, um cargo simbólico (e secundário) no governo estadual. Embora os jornalistas tucanos achassem que Serra havia feito uma manobra de mestre, sua desconsideração não fora esquecida por Alckmin. Um dia, ele apresentaria a conta. É o que está fazendo.

Serra exibe essa mesma força desagregadora no plano nacional. Assim como não conseguiu unificar o PSDB paulista, sua atuação atrapalha a rearticulação nacional indispensável às oposições. Oferecer-se para dirigir o PSDB e se colocar como pré-candidato, desde já, à sucessão de Dilma, só serve para paralisar o partido, no momento em que precisa romper com o passado e (re)adquirir rosto contemporâneo.

Mas a pior sequela da candidatura Serra está em seus efeitos na sociedade. Ele e seus simpatizantes na grande imprensa estimularam um nível de animosidade e beligerância entre as pessoas que não cedeu depois da eleição, apesar dos gestos de conciliação da presidente eleita. A mão que ela estendeu permaneceu no ar, pois ele se recusou a aceitá-la.

Não é pequeno o trabalho que as novas lideranças da oposição têm pela frente. A primeira tarefa é acabar com a herança de Serra.

Via: http://jogodopoder.wordpress.com/2010/11/17/marcos-coimbra-diz-que-candidatura-serra-deixou-sequelas-em-sao-paulo-transicao-com-alckmin-ocorre-sob-discordancias/

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Alma lavada

Esta eleição ficará na história como aquela em que houve maior parcialidade da mídia nacional. Nem mesmo em 1989, quando a Rede Globo editou as imagens do debate para favorecer Collor de Mello houve tamanho comprometimento de setores da mídia com uma candidatura e a tentativa de descontruir outra.

Reportagens, fotografias, editoriais, textos assinados e até cartas de leitores eram unânimes em discorrer elogios a José Serra e atacar Dilma Rousseff. Por extensão atacaram de todas as formas o governo Lula e numa inversão inédita da lógica de dar visibilidade às opiniões divergentes da sociedade os 3% que, segundo os institutos de pesquisas, consideram o governo ruim ou péssimo ocupavam nestes veículos de comunicação o espaço que seria razoável ser ocupado também pelos 83% que avaliam positivamente o presidente e seu governo.

Criminosos com extensa ficha na polícia foram guindados à condição de “empresários” e “consultores”, figuras absolutamente anônimas defensores do obscurantismo e sem nenhuma representatividade social, tiveram espaços nobres para discorrer sobre suas idéias medievais. Notórios tucanos ou demistas eram apresentados como “cientistas sociais”. TFP, Opus Dei e outros celerados que chegaram a defender em passado recente a volta da Monarquia, assessoravam o candidato tucano e tiveram espaços significativos na nossa mídia que se pretende moderna e democrática. Obscurantistas estes que, com certeza, convenceram Serra a beijar a santa.

Tudo isso, sob o discurso hipócrita da neutralidade que escondia o seu partidarismo, explicitado somente pelo Estadão que, em editorial, admitiu a sua preferência pelo candidato tucano. Jornal este que, para não deixar dúvidas a respeito da sua postura antidemocrática demitiu a articulista Maria Rita Khel que ousou questionar a desqualificação do voto dos pobres que reiteradamente aquele jornal – e toda a grande mídia – insistem em promover.

Num dos piores momentos da campanha de baixíssimo nível de José Serra, foi colocado no seu programa eleitoral cachorros ferozes simbolizando a militância petista, desrespeitando mais de um milhão de cidadãs e cidadãos brasileiros filiados a esta legenda, que contribuíram e contribuem com sua militância voluntária para construção de um país cada vez mais democrático, com inserção soberana no mundo e com justiça social e econômica.

A imagem dos rottweiler, entretanto, é mais apropriada para ilustrar o comportamento de alguns articulistas, “analistas” e colaboradores da grande imprensa que – mais realistas do que o rei – destilaram ódio contra o governo Lula, Dilma Roussef, o PT, os aliados e as centenas de organizações sociais que apoiaram a candidata petista.

Figuras patéticas como Demétrio Magnoli, Marco Antonio Villa, Danusa Leão, Arnaldo Jabor, José Nêumanne Pinto, Denis Rosenfeld, Boris Casoy, Marcelo Madureira, Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo, só para citar os mais conhecidos, parece que estabeleceram uma disputa pessoal para ver quem era o mais troglodita da direita, descia ao nível mais baixo, espalhava maior quantidade de calúnias, vociferava com mais virulência, amplificava mais qualquer notícia negativa.

Não se tratava de fazer análise política, nem mesmo de defender José Serra, evidentemente o candidato de todos eles. O principal objetivo era atacar Dilma e tudo aquilo que ela representa, seus aliados e simpatizantes. É assim que aqueles indivíduos destilaram ódios, evidenciaram o seu obscurantismo misógeno e medieval, apresentando-se ao Brasil como “bestas-feras”, exemplos de caluniadores e reacionários preconceituosos.

Articulistas estes que passavam ao largo dos escândalos e desmandos tucanos. Que silenciaram sobre o caso Alston, o Metrô, Paulo Preto, em São Paulo, a longa lista de escândalos do governo tucano no Rio Grande do Sul e o mar de lama do governo DEMO do Distrito Federal. Há que se chamar atenção, ainda, para o fato de que, entre os poucos articulistas simpáticos ao governo Lula, ao PT e aos movimentos sociais que têm espaço na grande mídia, não existe um único que defenda suas idéias ou ataque os adversários de forma tão desrespeitosa, tão baixa, tão chula.

Devido aos cargos que ocupo, e por hábito, leio todo o tipo de publicação, tanto da grande imprensa como da imprensa alternativa, e tenho me deparado com as mais diversas análises políticas, econômicas, sociais e culturais sobre nosso país. A variedade de opiniões, sem sombra de dúvidas, é salutar para a nossa democracia. Existem inúmeros articulistas sérios que se opuseram ao governo Lula, ao PT, à sua candidata ou que têm críticas ao movimento sindical e os movimentos sociais. Essas críticas são bem vindas pois contribuem para mudanças de rumos, de reflexão da política, da comparação de opiniões. Ao longo da minha trajetória política mais de uma vez fui influenciado por opiniões de articulistas ou analistas acerca de decisões políticas que tive – e tenho – como dirigente partidário ou sindical. A crítica qualificada e contundente, ainda que incomode à princípio, contribui para nosso amadurecimento.

Não é esse papel, entretanto, que exercem os citados articulistas/colaboradores que se especializaram em não reconhecerem um único acerto em um governo que - repito – têm mais de 80% de aprovação da população brasileira. Articulistas que optaram por dialogar unicamente com os 3% que acham o governo ruim ou péssimo e que procuram de todas as formas maximizar os piores preconceitos e ressentimentos desta minoria.

Em 2002, a “Esperança venceu o medo”, em 2010 vencemos o preconceito, as calúnias, o ódio e o Brasil continuará no caminho da justiça social, da verdadeira democracia e de sua inserção soberana no mundo. Esses anões morais serão jogados na lata de lixo da história e, no futuro servirão apenas como exemplos de mau jornalismo a serem estudados pelos milhares de jovens que terão acesso à universidade graças ao programas sociais dos governos petistas que eles tanto combateram.

Acusam-nos de querermos cercear a liberdade de imprensa, de sermos antidemocráticos. Continuaremos - quer gostem ou não - a lutarmos pela democratização dos meios de comunicação, pelo equilíbrio das informações, e do espaço para o contraditório, pela busca da verdade e da informação não distorcida. Continuaremos a lutar para que os meios de comunicação deixem de ser um “Partido da Imprensa Golpista”.

A ameaça que pesa sobre a grande mídia nacional, entretanto, não é o controle social da mídia proposta na Conferência Nacional de Comunicação. A ameaça que pesa sobre estes conglomerados é a perda da credibilidade, o abandono dos seus leitores, ouvintes e telespectadores.

Estou com a alma lavada, festejando junto com o povo brasileiro que deu uma banana aos “formadores de opinião” e optaram pela continuidade de um projeto político que trabalha por um Brasil para todos os brasileiros.

João Antônio Felício é secretário Sindical Nacional do PT e secretário de Relações Internacionais da CUT.

Fonte: www,pt.org.br

No rádio, Lula diz que eleição de Dilma é uma ‘vitória do bom senso’ do povo brasileiro

novembro 8th, 2010 | Autor: Jussara Seixas

Café com o Presidente volta ao rádio
Veja como foi o programa de hoje:


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Transcrição:

Apresentador: Olá, você, em todo o Brasil. Eu sou Luciano Seixas e começa, agora, o Café com o Presidente, o programa de rádio do presidente Lula. Estamos de volta, depois de um intervalo de quase três meses de campanha eleitoral. Olá, presidente? Tudo bem?

Presidente: Tudo bem, Luciano! Estava com saudades, viu?

Apresentador: Ora, eu que o diga! Presidente, nosso primeiro tema de hoje não poderia deixar de ser o resultado das urnas e a eleição da primeira mulher para a Presidência da República: a sua candidata, Dilma Rousseff. Que Brasil é esse que sai das urnas, presidente?

Presidente: Eu acho que o Brasil que sai das urnas, Luciano, é o Brasil que a maioria do povo desejou que tenha continuidade. É a maioria de um povo que usufruiu das políticas públicas determinadas durante oito anos pelo nosso governo, e que resultou em uma melhoria geral da qualidade de vida das pessoas. Todo mundo tem consciência que no nosso governo não teve nenhum segmento da sociedade que não ganhou. Os empresários ganharam, os trabalhadores ganharam, os mais pobres ganharam, os trabalhadores rurais ganharam. E eu acho que a sociedade inteira ganhou. Houve uma evolução, mas eu penso que nós deveremos avançar ainda mais. Então, o resultado das eleições é que o povo quer avançar mais, e avançar mais significou eleger a Dilma Rousseff presidente da República. Foi uma vitória do bom senso da maioria do povo brasileiro. O povo brasileiro terá uma belíssima surpresa com o mandato da nossa companheira, presidente Dilma Rousseff.

Apresentador: É possível, presidente, superar o clima de confronto que nós vimos durante a campanha?

Presidente: Eu acredito que sim, porque não é que as pessoas que fizeram oposição durante a campanha deixem de ser oposição, pelo contrário, a oposição faz parte da consolidação do processo democrático. O que é importante é que a oposição seja feita de forma civilizada, de forma a fazer uma política madura, em que o que vale, agora, é o Brasil. Tem uma presidente da República eleita diretamente pelo voto do povo brasileiro, e o que vale é isso. Ela vai governar para 190 milhões de brasileiros.

Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente, o programa de rádio do Presidente Lula. Presidente, o senhor embarca hoje para Moçambique, e depois, segue para a Coreia do Sul, onde acontecerá a reunião de líderes do G-20 – o grupo das maiores economias do mundo. Lá o senhor vai encontrar com a presidente eleita Dilma Rousseff. O que significam essas duas viagens, presidente?

Presidente: Duas coisas importantes. Primeiro, o G-20 discute a questão da economia mundial, desde a crise de 2008, a crise que abalou os Estados Unidos e que abalou a Europa, e que ainda não foi solucionada, porque a economia européia e americana ainda está em crise. E nós criamos o G-20 porque não tinha um fórum multilateral para tomar decisões, para orientar, inclusive, o próprio sistema financeiro. Então, nós vamos lá discutir a questão da retomada do crescimento econômico, sobretudo nos Estados Unidos e na União Européia, que o consumo está muito pequeno, o mercado interno está enfraquecido e nós precisamos dinamizar a economia. E dinamizar a economia significa aquecer o comércio. Aquecer o comércio significa a gente não impor barreiras para o livre comércio. Então, eu acho que essa é uma coisa importante que nós vamos discutir.
A outra coisa que nós vamos discutir é a questão do cambio. Todo mundo já sabe que existe uma guerra cambial. O ministro Guido Mantega, na última reunião dos ministros da Economia do G-20, denunciou essa guerra cambial. Ou seja, a desvalorização da moeda chinesa e da moeda americana diante das outras moedas está causando um desequilíbrio no comércio mundial, e nós precisamos voltar a ter um equilíbrio. Portanto, nós queremos discutir o compromisso de todos os países com a política cambial, que deixe todo mundo confortável e todo mundo em igualdade de condições na disputa comercial. Esse também será um assunto muito importante.
E outro assunto importante no G-20 é a o instrumento de controle do sistema financeiro. O sistema financeiro, depois da irresponsabilidade da crise de 2008, não pode continuar sem controle. É preciso, no mínimo, que tenha um instrumento multilateral que possa fiscalizar a alavancagem do sistema financeiro mundial, para evitar especulação, sobretudo como aconteceu no mercado imobiliário americano, ou no mercado futuro, sobretudo de commodities. É importante que a gente fique atento.
E em Moçambique, eu vou fazer uma coisa que é um sonho, porque nós vamos inaugurar três núcleos de universidade aberta, um em Maputo, outra em Beira e outro em Lichinga, vamos fazer uma visita à fábrica de antiretrovirais, que é um remédio para combater a AIDS produzido pela Fiocruz, que está passando tecnologia e orientando o povo de Moçambique.
Também vamos ter encontros empresariais, porque tem muitas empresas brasileiras fazendo investimentos em Moçambique . A Vale, em Moatize, tem uma grande mina de carvão. Outras empresas brasileiras da construção civil, empresas de celulose estão fazendo investimentos, e eu penso que essa visita é a consolidação da relação e do fortalecimento de Brasil e Moçambique. Depois, nós vamos, ainda esse ano, ver se nós inauguramos a pedra fundamental da Universidade Brasil – África, em Redenção, no estado do Ceará, e aí nós consolidaremos a nossa relação com os países africanos. Portanto, a minha ida a Maputo é uma coisa de solidariedade, é uma coisa de fraternidade, é uma coisa de irmandade entre o Brasil e Moçambique.

Apresentador: Muito obrigado, presidente Lula, e até a próxima semana!

Presidente: Obrigado, Luciano, e até a próxima semana.

Via: Blog da Dilma

domingo, 7 de novembro de 2010

Assinatura Veja

Caso Erenice provocou 2º turno, diz marqueteiro de Dilma

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Dilma Rousseff ganhou a eleição para presidente da República, a primeira de sua vida. Mas seu marqueteiro, João Santana, venceu sua terceira disputa desse gênero. Ele é o profissional latino-americano mais bem-sucedido na área de comunicação política-eleitoral em anos recentes.

Além de ser o responsável pelas propagandas de TV e de rádio de Dilma, atuou também na campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e na eleição do presidente de El Salvador, Mauricio Funes, em 2009.

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Em uma de suas raras entrevistas, Santana, 57 anos, falou à Folha na última quarta-feira, em sua casa de veraneio próxima a Salvador, na Bahia. Fez uma ampla análise do processo eleitoral brasileiro e da última campanha.

Roberto Stuckert-nov.2010
Caso Erenice provocou 2º turno, diz marqueteiro de Dilma
Caso Erenice provocou 2º turno, diz marqueteiro de Dilma

Sobre as razões de a disputa ter sido remetida ao segundo turno, aponta como principal fator o escândalo de suspeita de tráfico de influência na Casa Civil, envolvendo Erenice Guerra, sucessora de Dilma naquela pasta:

"O caso Erenice foi o mais decisivo porque atuou, negativamente, de forma dupla: reacendeu a lembrança do mensalão e implodiu, temporariamente, a moldura mais simbólica que estávamos construindo da competência de Dilma, no caso a Casa Civil."

Pesquisas mostraram, diz Santana, que a onda religiosa e o debate sobre aborto tiveram efeito limitado. Ele faz uma autocrítica: "Erramos quando, no primeiro momento embarcamos nessa onda, e erraram mais eles que insistiram nessa maré hipócrita. Isso, aliás, foi um dos maiores fatores de desgaste e inibição do crescimento de [José] Serra [PSDB, adversário de Dilma] no segundo turno".

Contratado eventual do PT, Santana também atuou como consultor de imagem de Lula nos últimos quatro anos. Jornalista de formação, o marqueteiro baiano foi o criador de algumas das marcas e siglas mais famosas do lulismo, como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Minha Casa, Minha Vida (cujo nome inicial proposto pela burocracia do governo era o anódino "Casa para Todos").

Assim como Lula, faz algumas metáforas futebolísticas. "A substituição de Lula por Dilma foi como a troca de Pelé por Amarildo na Copa de 1962. Mas o Amarildo entrou e deu conta do recado", diz ele, evocando o episódio em que a seleção brasileira de futebol ficou sem seu principal jogador na disputa que rendeu o segundo título mundial ao país.

Gosta de elucubrar sobre a troca de poder de Lula para Dilma. "As paixões populares são múltiplas porque o povo não é politicamente monogâmico. O povo é, por natureza, sincretista e politicamente polígamo", diz Santana. Para ele, haverá um "vazio oceânico" com a saída de Lula. Mas haveria "na mitologia política e sentimental brasileira uma imensa cadeira vazia" que ele chama "metaforicamente de 'cadeira da rainha', e que poderá ser ocupada por Dilma". E arrisca um conselho aos políticos em geral: "Não subestimem Dilma Rousseff. Este alerta vale tanto para opositores como para apoiadores da nova presidente".

O marqueteiro lembra que "a República brasileira não produziu uma única grande figura feminina, nem mesmo conjugal" até hoje. "Dilma tem tudo para ocupar esse espaço", apesar da sua proverbial falta de carisma.

Logo após o caso Erenice, Santana relata ter sido necessária uma reaproximação entre Lula e Dilma 'de emergência'. Mas a superexposição do presidente, de maneira exaltada, em comícios no final do segundo turno mereceu reprovação do marqueteiro: "Alguém quando está no palanque esquece que trechos editados de sua fala podem aparecer em telejornais de grande audiência".

Muito próximo tanto de Lula como de Dilma durante os últimos 12 meses, ele fala também com um pouco de ironia sobre a mudança estética e o treinamento da candidata neófita em disputas eleitorais: "A decisão de fazer a operação plástica, por exemplo, foi dela. Como toda mulher, quando se trata de estética, ela gosta de ela mesma tomar iniciativa. Ou, pelo menos, de pensar que foi dela a decisão".

Na semana passada, o marqueteiro fez mais um trabalho para Lula: dirigiu o depoimento do presidente à nação que foi transmitido na sexta-feira à noite em cadeia de rádio e de TV. Agora, pretende tirar alguns dias de férias. Estudar propostas de trabalho que recebeu para atuar em eleições presidenciais em cinco países: Peru, Argentina, Guatemala, República Dominicana e México.

A seguir, trechos da entrevista de Santana à Folha:

Folha - O sr. fez o marketing das duas últimas campanhas presidenciais vitoriosas no Brasil. Quais as diferenças e semelhanças?
João Santana - Foram campanhas profundamente dessemelhantes.

Destaco alguns dos pontos que tiveram em comum: o profundo desdém da oposição aos candidatos Lula e Dilma nas pré-campanhas; o susto que eles tomaram no início dos dois primeiros turnos com o crescimento rápido e vigoroso dos nossos dois candidatos; a falsa ilusão de vitória que eles criaram na passagem do primeiro para o segundo turno, e a desilusão e desfecho finais.

Entre os vários pontos de dessemelhança, eu gostaria de frisar apenas um, e que diz respeito diretamente à minha área: apesar das aparências, a campanha de 2010 foi de uma complexidade estratégica, e principalmente tática, imensamente maior do que a de 2006. Eu diria, até, que do ponto de vista do marketing, esta talvez tenha sido a campanha presidencial mais complexa dos últimos tempos no Brasil.

A percepção da oposição, então, segundo sua avaliação, foi equivocada?
Na pré-campanha de 2006, a oposição imaginou, erroneamente, que Lula estivesse destruído com o escândalo do mensalão. Imaginou que um discurso udenista, neurótico e tardio, pudesse influenciar amplas camadas da população na campanha. Não perceberam o incipiente, porém já vigoroso, movimento de ascensão social e de gratificação simbólica e material que vinha sendo produzido pelo governo Lula.

Na pré-campanha de 2010, houve um erro porque menosprezaram o valor pessoal e o potencial de crescimento de Dilma e, também, a capacidade de transferência de Lula. É o período da arrogante, equivocada e elitista 'teoria do poste'.

O grande crescimento que Lula, em 2006, e Dilma, em 2010, tiveram no final das pré-campanhas, e especialmente no início do primeiro turno, deixou-os atordoados. Só se recuperaram um pouco quando foram favorecidos por fatores extracampanhas, o caso dos aloprados e o escândalo Erenice.

Por que Dilma não venceu no 1º turno? Lembro-me que as previsões internas eram de que ela teria de 56% a 57% dos votos...
Por vários fatores, alguns já facilmente percebidos e explicados. Outros que levarão ainda algum tempo para serem corretamente analisados. Começo indo na contramão da maioria dos analistas: o eleitorado brasileiro é, hoje, um dos mais maduros do mundo. E cada dia sabe jogar melhor.

Uma das provas desse amadurecimento é a consolidação, cada vez maior, da "cultura de segundo turno" nas eleições presidenciais. E ela atua, paradoxalmente, junto com a consolidação de um outro comportamento aparentemente antagônico: a consagração do princípio da reeleição. O de deixar um bom governo continuar, mas, ao mesmo tempo não aceitar passivamente tudo o que ele faz. Este conflito é uma forte demonstração de amadurecimento do eleitor brasileiro. No fundo é aquele maravilhoso conflito humano entre a reflexão e a decisão, entre a fé a descrença, entre a confiança e a suspeita, entre a entrega e a autodefesa.

Nas últimas eleições, parte do eleitorado tinha um fabuloso atalho, que era a candidatura Marina, para praticar o "voto de espera", o voto reflexivo. E utilizou este ancoradouro, este auxílio luxuoso que era a candidatura Marina, para mandar alguns recados para os dois principais candidatos. Por essas e por outras razões houve segundo turno.

Que recados foram estes que os eleitores mandaram para Dilma e para Serra?
No nosso caso foi: "Olha, eu aprovo o governo de vocês, mas não concordo com tudo que acontece dentro dele; adoro o Lula mas quero conhecer melhor a Dilma".

No caso do Serra: "Seja mais você mesmo, porque desse jeito aí você não me engana; mas afinal, qual é mesmo esse Brasil novo que você propõe?; me diga lá: você é candidato a prefeito, a pastor ou a presidente?".

Os candidatos, no segundo turno, deram respostas eficientes a esses recados dos eleitores?
Nenhuma campanha, em nenhum lugar do mundo, responde a todas as perguntas, preenche todas dúvidas, nem atenua, completamente, os conflitos racionais e emocionais dos eleitores. Uma campanha será sempre um copo com água pela metade, meio vazio pra alguns, meio cheio pra outros.

No nosso caso, acho que respondemos algumas perguntas. A prova é que não apenas crescemos quantitativamente, como houve uma melhoria, mais que significativa, na percepção dos atributos da nossa candidata.

Em que se sustenta a tese de que essa foi a mais complexa campanha, estratégica e taticamente dos últimos tempos?
Por várias características atípicas, originais e exclusivas desta campanha. Para não me alongar muito, vou comentar apenas alguns fatores do nosso lado. Nós tínhamos um presidente, em final de mandato, com avaliação recorde, paixão popular sem limite e personalidade vulcânica.

Uma caso único não só na história brasileira como mundial. Uma espécie de titã moderno.

Do outro lado, tínhamos uma candidata, escolhida por ele, que era uma pessoa de grande valor, enorme potencial, porém muitíssimo pouco conhecida.

Tínhamos o desafio de transformar em voto direto, e apaixonado, uma pessoa que chegava à primeira cena por força de uma escolha indireta, quase imperial. Tínhamos que transformar a força vulcânica de Lula em fator equilibrado de transferência de voto, com o risco permanente da transfusão virar overdose e aniquilar o receptor.

Tínhamos a missão de fazer Dilma conhecida e ao mesmo tempo amada; uma personagem original, independente, de ideias próprias e, ao mesmo tempo, uma pessoa umbilicalmente ligada a Lula; uma pessoa capaz de continuar o governo Lula mas também capaz de inovar.

Tudo isso dentro de um curtíssimo prazo e dentro do cenário de uma das maiores, mais vibrantes e maravilhosamente mal construída democracias do mundo, que é a democracia brasileira. E que tem um dos modelos de propaganda eleitoral, ao mesmo tempo, mais permissivo e restritivo do mundo; um calendário eleitoral hipocritamente dos mais curtos, e, na prática, dos mais longos do mundo. Isso é dose. É um coquetel infernal.

O que mais facilitou e atrapalhou o trabalho?
Acho que o que mais nos ajudou foram as lendas equivocadas que a oposição, secundada por alguns setores da mídia, foi construindo sistematicamente. E se aferrando desesperadamente a elas, mesmo que os fatos fossem derrotando uma após outra.

No início, construíram quatro lendas eleitorais: que Lula não transferia voto, que Dilma ia ser péssima na TV, que Dilma ia ser um desastre nos debates e que Dilma, a qualquer momento, iria provocar uma gafe irremediável nas entrevistas. Nada disso ocorreu, muito pelo contrário.

Construíram, pelo menos, quatro lendas biográficas: que Dilma tinha um passado obscuro na luta armada, que era uma pessoa de currículo inconsistente, que teve um mau desempenho no governo Lula, e que o fato de ter tido câncer seria fatal para a candidatura. Nada disso se confirmou.

E construíram lendas políticas. As principais eram que Dilma não uniria o PT, não teria jogo de cintura para as negociações políticas e que não saberia dialogar com a base aliada. Outra vez, tudo foi por terra.

Ora, com tantas apostas equivocadas, o resultado não podia ser outro. Se você permitir, eu gostaria adiante de comentar sobre novas lendas equivocadas que já estão começando a construir em relação ao futuro governo Dilma.

Na fase final, a oposição apostou numa guerra moral e religiosa, no mundo da ética e dos valores. Isso não atrapalhou?
De forma irreversível, não. Acho, inclusive, que no final o feitiço virou mais contra o feiticeiro. As questões do aborto e da suposta blasfêmia foram apenas vírgulas que ajudaram a nos levar para o segundo turno. Repito, apenas vírgulas.

O caso Erenice foi o mais decisivo porque atuou, negativamente, de forma dupla: reacendeu a lembrança do mensalão e implodiu, temporariamente, a moldura mais simbólica que estávamos construindo da competência de Dilma, no caso a Casa Civil.

Por motivos óbvios, vínhamos ressaltando, com grande ênfase, a importância da Casa Civil. Na cabeça das pessoas, a Casa Civil estava se transformando numa espécie de gabinete paralelo da presidência. E o escândalo Erenice abalou, justamente, esse alicerce.

Voltando à questão da moral religiosa: como a oposição abusou da dose, provocou, no final, rejeição dos setores evangélicos que interpretaram o fato como jogada eleitoral e afastou segmentos do voto independente, principalmente de setores da classe média urbana, que se chocou com o falso moralismo e direitização da campanha de Serra.

Mas essa opção às vezes à direita da oposição, em certa medida, era algo esperado. Ou não?
Eu alertei sobre isso, inclusive, em um seminário interno da Folha que participei em maio. Este é um fenômeno que infelizmente vem acontecendo, na América Latina, com alguns setores desgarrados, que antes de autointitulavam de socialdemocratas e se inclinaram perigosamente para a direita.

Passaram a utilizar, em suas campanhas, um mix de técnicas do Partido Republicano americano, mais ferramentas da direita espanhola e de operadores antichavistas da Venezuela.

Eu me defrontei com este aparato na campanha que fiz para o presidente Mauricio Funes, em El Salvador. Fomos vítimas de uma das mais insidiosas e obscuras campanhas negativas. Mas vencemos. O ideário é o mesmo, os conceitos manipulados semelhantes, as técnicas de medo iguais. O que varia é a dosagem e os instrumentos.

Aqui a direitização ficou mais circunscrita a certos tabus morais e religiosos. Mas também trafegou, principalmente na internet, no obscurantismo político de pior extração. Quem estuda este fenômeno e viu um vídeo que circulou na internet, intitulado a 'Dama de Vermelho', sabe do que estou falando. Por sinal, este vídeo é uma réplica de alguns que foram produzidos contra Mauricio Funes, em El Salvador, e a favor da campanha de Felipe Calderón no México.

No início da entrevista, o sr. disse que iria comentar o que considera 'novas lendas equivocadas' projetadas para o governo Dilma. Do que se trata?
Eu acho necessário um humilde alerta: não subestimem Dilma Rousseff. Este alerta vale tanto para opositores como para apoiadores da nova presidente.

Dentro e fora do Brasil já começam a pipocar análises apressadas de que Dilma dificilmente preencherá o grande vazio sentimental e simbólico que será deixado por Lula. E que este será um problema intransponível para ela. Bobagem.

Não há dúvida de que a ausência de Lula deixa uma espécie de vazio oceânico. Lula é uma figura única, que uma nação precisa de séculos pra construir. Mas Dilma, em lugar de ser prejudicada por este vazio, será beneficiada por ele. Basta saber aproveitar --e acho que ela saberá-- a oportunidade única e rara, que tem nas mãos, de se tornar conhecida e amada ao mesmo tempo.

É preciso também estar atento para o fato de que as paixões populares são múltiplas porque o povo não é politicamente monogâmico. O povo é, por natureza, sincretista e politicamente polígamo. E há na mitologia política e sentimental brasileira uma imensa cadeira vazia, que chamo metaforicamente de "cadeira da rainha", e que poderá ser ocupada por Dilma.

A República brasileira não produziu uma única grande figura feminina, nem mesmo conjugal. Dilma tem tudo para ocupar esse espaço. O espaço metafórico da cadeira da rainha só foi parcialmente ocupado pela princesa Isabel. Para um homem sim, seria uma tarefa hercúlea suceder a Lula. Para uma mulher, não. Em especial, uma mulher como Dilma. Lula sabia disso e este talvez seja o conteúdo mais genial da sua escolha.

Quando ficou claro que haveria 2º turno? No dia?
No dia da apuração. Havia fortes indícios de perda de substância da nossa candidata, porém, os indicadores nos davam uma relativa segurança de que ganharíamos no primeiro turno.

Ao contrário da eleição de 2006, quando eu fui o primeiro a alertar o presidente Lula de que iríamos para o 2o turno, desta vez eu fui um dos últimos a admitir isso. Acompanhando a apuração no Alvorada, ao contrário de 2006, eu era um dos poucos que ainda acreditava que ainda ganharíamos por uma margem estreita.

A receita do 2º turno deste ano se assemelha à de 2006: acusar os tucanos de serem privatistas e contra o patrimônio nacional. Mas desta vez o efeito não foi tão forte como há quatro anos. Essa fórmula está perto do esgotamento?
É reducionismo dizer que a receita do segundo turno foi a de acusar os tucanos de privatistas. Se você rever os programas e comerciais, vai constatar que discutimos modelo de política econômica, políticas sociais, modelo de desenvolvimento, entre outros temas.

Fui o responsável pela introdução do tema privatizações em 2006. Na verdade, não estava muito apaixonado pela ideia de utilizá-lo outra vez nesta campanha. Inclusive porque, ao contrário de certos homens marketing, não gosto de repetir fórmulas. Mas havia um consenso, na cúpula da campanha, de que o tema ainda estava vivo. Meu convencimento final veio quando decidimos acoplá-lo, de forma mais que justa, ao futuro do pré-sal.

Essa abordagem sobre 'tucanos privatistas X petistas defensores do patrimônio nacional' não seria uma exploração indevida do imaginário popular?
Já falei sobre isso e não fui muito bem interpretado. Tucanos e petistas divergem, de fato, profundamente neste tema. A sociedade brasileira sempre acompanhou com o máximo de interesse, receio e com muita cautela essa discussão.

O debate continua vivo. Por que é manipulação reacender ou esquentar esse debate? A propaganda eleitoral brasileira é um espaço bastante democrático, e mais que apropriado para este tipo de discussão. Nela, cada um pode expor seu pontos de vista e estabelecer o contraditório. Com fatos e argumentos. Sem medo e sem timidez.

Por que o Vox Populi, contratado pela campanha de Dilma, não captou a queda nas pesquisas de maneira mais precisa?
Essa é uma pergunta que o instituto pode responder melhor do que eu.

Quando as pesquisas diárias ('trackings') começaram as ser feitas? E os grupos de análise qualitativa? Dilma assistiu a alguns desses grupos?
Os trackings começaram uma semana antes da propaganda eleitoral. Os grupos de pesquisas qualitativas começaram também nesse período, e eram quase diários.

No segundo turno, os grupos de qualis eram diários. Eram 12 grupos, distribuídos pelas várias regiões do país. Em São Paulo, eram sempre quatro grupos, variando entre capital e interior. Duas empresas faziam esse trabalho. Em São Paulo, a Oma Pesquisas. No restante do país, a Síntese. A candidata Dilma não assistiu aos grupos por falta de tempo e de interesse direto.

Foi um erro a forma como Lula fez alguns comícios na parte final do 1º turno, falando em extirpar o DEM da política e dizendo que 'a opinião pública somos nós'?
Como eu já disse, o presidente tem uma personalidade vulcânica. Sua intuição emocional faz com que ele acerte bastante, e às vezes cometa erros. Mas o saldo nesta e em outras campanhas sempre foi muito positivo.

Mas houve uma certa overdose de Lula no final do 1º turno, com ele aparecendo não de forma exaltada em comícios?
Na propaganda eleitoral, não. Desde o início, eu sabia que uma das coisas mais difíceis era a modulação da presença de Lula. Fiz um desenho estático que considero correto. Dividi a campanha com base nos 45 dias de TV e rádio em três fases iguais de 15 dias cada. A primeira, consistiu em colar bastante Lula a Dilma. Depois, seria preciso atenuar um pouco a presença dele no meio da campanha. E, por fim, voltar a colá-los fortemente no final.

Na primeira fase, era preciso mostrar aos eleitores que havia afinidade, respeito e confiança entre eles. Consumado isso em 15 dias, como eu esperava, com êxito, era então necessário reforçar a identidade própria de Dilma. Isso só seria possível se as pessoas conseguissem enxergá-la sem a sombra luminosa de Lula. Assim, os segundos 15 dias da campanha tiveram a troca da persona Lula pela intensificação da representação simbólica do governo Lula.

Só que no final dessa segunda fase ocorreu uma trágica coincidência: o escândalo Erenice.

E o que foi feito?
Fomos forçados a fazer uma reaproximação entre Lula e Dilma de emergência.

Mas Lula não se excedeu nos comícios?
De certa forma, sim. Mas isso é até explicável. A presença de um político no palanque permite certo tipo de arroubo que a propaganda eleitoral não comporta. Acontece que alguém quando está no palanque esquece que trechos editados de sua fala podem aparecer em telejornais de grande audiência.

Na passagem do 1º para o 2º turno, ele deu uma sumida. Por quê?
Foi por um período muito curto. Foi intencional por dois motivos. Primeiro, porque era necessário dar um certo refresco para a imagem do presidente por causa do uso excessivo em todas as campanhas em todas as unidades da Federação. Os candidatos em todos os níveis usaram e abusaram da imagem de Lula de forma excessiva e até irresponsável como nunca ocorrera antes.

Segundo, estávamos fazendo um reposicionamento estratégico, e antes que as transições conceituais ficassem claras, era importante preservar o nosso principal trunfo, que era o presidente. Foi uma operação tão delicada e corajosa que o próprio presidente Lula, na passagem do primeiro para o segundo turno, chegou a me questionar a respeito.

Muitos temeram a derrota nessa fase?
Temer a derrota é inerente a qualquer um envolvido em uma campanha. Sobretudo quando há uma quebra de expectativa, que foi o que ocorreu com a ida para o segundo turno.

De certa maneira, esse mesmo sentimento perpassou a campanha de 2006, no início daquele segundo turno.

Quando Dilma teve câncer, o que a área de marketing da pré-campanha fez?
Primeiro, foi um susto. Uma situação insólita. Iniciar uma campanha com uma candidata pouco conhecida e enfrentando um desafio dessa magnitude. Só havia então um caminho que era buscar o máximo de transparência. Todo o tratamento foi ampla e livremente noticiado pela mídia. Num caso como este não se pode, nem se deve inventar ou maquiar nada. A verdade é o melhor remédio. Até porque ela sempre prevalece.

A sua contratação ocorreu a partir de quando?
O PT me contratou para dar consultoria e fazer as propagandas partidárias em 2009.

Como Dilma reagiu à necessidade de fazer operação plástica no rosto e na região do pescoço, mudar o vestuário, treinar oratória, aceitar cabeleireiro e maquiadora sempre perto?
Variou. A decisão de fazer a operação plástica, por exemplo, foi dela. Como toda mulher, quando se trata de estética, ela gosta de ela mesma tomar iniciativa. Ou, pelo menos, de pensar que foi dela a decisão.

Por que Dilma tem dificuldade para falar em público, às vezes não completando um raciocínio?
Durante toda a sua vida, Dilma foi treinada mais para fazer do que para falar. Além disso, ela é daquelas pessoas que tem raciocínio mais rápido do que a verbalização. E algo ainda mais complexo: imagine uma pessoa que nunca foi candidata a nada inaugurando sua vida eleitoral sendo candidata a presidente de um país do tamanho do Brasil?

Tudo isso provoca um tipo de tensão e ansiedade que obviamente repercute na maneira de se comunicar. Porém, o mais surpreendente, é que Dilma superou todos esses obstáculos de maneira brilhante. O mérito maior é dela.

Como era sua equipe na campanha?
Tive a felicidade de formar um "dream team". Cerca de 200 pessoas estiveram envolvidas. Alguns já trabalhavam comigo há muito anos como Eduardo Costa, meu braço direito e um dos grandes responsáveis pelo sucesso da campanha. Outros se reaproximaram e foram fundamentais como Marcelo Kértesz, Lô Politi e Giovani Lima, como diretores de vídeo. Sem falar da presença essencial de Mônica Moura, minha mulher e sócia.

Como presidente Lula interagiu com Dilma durante a campanha?
Em termos presenciais, o contato foi muito menor do que quando ela estava no governo.

Haveria alguma forma de o PSDB usar de maneira positiva, em nível nacional, a imagem de FHC em uma campanha presidencial?
Num período muito curto de campanha, seria muito difícil, quase impossível. Se eu estivesse no lugar de Luiz Gonzalez [publicitário da campanha de José Serra], que considero um dos melhores marqueteiros do Brasil, talvez eu fizesse o mesmo que ele fez.

O uso da imagem de FHC só seria viável eleitoralmente depois de um trabalho consistente ao longo de um período de vários anos. Seria preciso recuperar uma narrativa do governo tucano, que teve méritos, mas ficou com a imagem avariada por causa do final da administração FHC.

Creio ter havido um desleixo da parte do próprio Fernando Henrique, com uma atitude olímpica. Quem sabe, por vício acadêmico, ele esperava um resgate histórico que viesse apenas por gravidade. Mas, no seu caso, seria necessário mais do que isso. Ele e seu partido teriam de se esforçar para defender a imagem daquela administração, deixando de lado a timidez ou o medo que demonstram ter.

Teria sido possível neste ano eleger José Serra ou algum candidato de oposição? Com qual estratégia?
Muito improvável. A menos que cometêssemos alguns erros e a oposição milhões de acertos

Aécio Neves teria tido condições de vencer Dilma?
Poderia ter feito uma campanha mais bonita e mais vibrante do que Serra. Mas mesmo assim seria derrotado.

Como foi e com qual frequência se deu neste ano sua relação com o publicitário de Serra, Luiz González?
Sempre tivemos uma boa relação. Admiro o González tanto por sua competência como por seu caráter. E é sempre uma parada dura enfrentá-lo numa campanha. Nos falamos várias vezes durante esta campanha para negociarmos regras de debates e outros detalhes envolvendo participações dos nossos candidatos.

A negociação mais insólita foi quando liguei, pra ele, na véspera do Círio de Belém, sugerindo que abríssemos mão da propaganda eleitoral na TV no dia da festa, no Pará. Ele pediu pra consultar o Serra e topou. Tenho certeza que os paraenses gostaram muito desta atitude e Nossa Senhora de Nazaré, com certeza, abençoou os dois candidatos.

Esta eleição teve dez debates. Quais foram os mais úteis eleitoralmente? Os da Globo, pela alta audiência?
Todos foram importantes, mas nenhum decisivo.

Todos os debates foram engessados por regras impostas pelos candidatos e seus assessores. O que seria necessário para haver debates mais livres?
Os debates, como algumas regras da propaganda eleitoral, têm de ser revistos. O problema dos debates é que dependem da vontade dos candidatos. E vontade dos candidatos é a coisa mais difícil de administrar.

E no caso do horário eleitoral, o que pode ser feito?
Eu acho que a lei de propaganda eleitoral é uma das mais modernas do mundo. Porém, há situações anômalas que devem ser corrigidas. Por exemplo, a legislação sobre pré-campanha. Outra, a legislação do segundo turno.

No caso do segundo turno, como está concebido, é uma violência contra os candidatos, contra os partidos, contra os eleitores e contra as equipes que produzem os programas eleitorais. Deveria haver menos propaganda, mais debates obrigatórios, mais liberdade de entrevistas nos meios de comunicação eletrônicos e a eleição em si ser mais próxima da do primeiro turno.

Qual foi a importância da internet na campanha?
Ao contrário do que se fala, a internet teve um papel importante nesta eleição. Pena que tenha sido usada, muito fortemente, para veicular campanha negativa raivosa, anônima e, muitas vezes, criminosa. Isso terminou por diminuir muito a credibilidade do material que circulava na web. Mas a cada dia o papel da internet será maior nas eleições brasileiras. E isso é muito bom para a disputa eleitoral e para o avanço democrático.

Nos EUA, a web é usada na difusão de propaganda negativa, mas também na arrecadação de fundos. Quando haverá isso aqui?
Como já disse, houve um predomínio de propaganda negativa. Mas a mobilização nas redes sociais foi também intensa. Esta é a grande chave, no futuro, para aumentar o impacto da web nas eleições.

Qual foi o saldo da contratação de técnicos que trabalharam na campanha da web de Barack Obama?
A participação deles ficou praticamente restrita à transferência de tecnologia e de ferramentas. Não participaram da estratégia nem da conceituação da campanha em nenhum nível. Mas são profissionais bem competentes em sua área.

Teria sido possível eleger algum outro ministro técnico como Dilma usando a mesma estratégia?
Acho que seria muito difícil. A escolha de Dilma foi uma das maiores provas da intuição e da genialidade política do presidente Lula. Eu tive o privilégio de ser uma das primeiras pessoas a saber da decisão do presidente e a fazer estudos sobre isso, a pedido dele.

Desde o início ficou claro que a transferência de votos se daria de forma harmônica e fluídica. Está provado que a transferência, na maioria das vezes, se dá mais pelas características do receptor do que do doador. De todos os possíveis candidatos, Dilma reunia as melhores condições para isso. Era mulher, ocupava um papel-chave no governo, tinha passado e presente limpos, era competente, firme, corajosa, combativa e tinha fidelidade absoluta ao presidente.

Além disso, por causa do tipo de personalidade de Lula, era muito mais natural e com maior poder de sedução junto ao seu eleitorado, ele pedir voto para uma mulher do que para um homem.

Em 2014, os parâmetros de exigência da população estarão elevados para outro patamar e o Bolsa Família terá menos importância?
Primeiro é bom esclarecer, que no campo da psicologia do voto, o Bolsa Família é percebido pelos seus beneficiários como um detalhe importante, porém um detalhe, de uma coisa ainda maior e mais forte para eles que é o olhar social do governo Lula.

O programa, em si, tem apelo eleitoral? Tem. Porém menos do que se apregoa. E, como já disse, não funciona de forma isolada. Acho que poucos governos, como o do presidente Lula, e, tenho certeza, o da presidenta Dilma, reúnem tantas condições de poder acompanhar o que você chama de elevação de parâmetros de exigência da população.

Na verdade é mais do que isso. Quando o governo Lula retirou 28 milhões de pessoas da miséria e levou 36 milhões para a classe média estava, ao mesmo tempo, dando vida digna e cidadania a estas pessoas, elevando seu nível de vida e, simultaneamente, elevando os seus 'parâmetros de exigência'. Ou seja, as políticas públicas de Lula e de Dilma são maiores do que qualquer tipo de pragmatismo eleitoral.

Se quiser vencer, o que deve fazer a oposição daqui até 2014?
Não me sinto apto a dar conselhos à oposição. Ela tem consultores mais competentes do que eu para isso.

O sr. foi convidado a continuar prestando assessoria de imagem e marketing para Dilma Rousseff?
A presidenta eleita não me falou nada sobre isso e eu tenho uma agenda internacional carregada, nos próximos três anos, que atrapalharia bastante um trabalho deste tipo.

Uma ala do PT, entre os quais José Dirceu e Fernando Pimentel, desejava a sua saída e a volta de Duda Mendonça. Como foi essa disputa?
É natural que na política, nos negócios e no amor as pessoas queiram se associar com quem têm afinidade. Até hoje, não sei exatamente quem participou dessa articulação. Só sei que foi um grupo muito pequeno e que não contava com o apoio da cúpula da campanha nem do PT. Lula e Dilma sempre me apoiaram integralmente. O ex-presidente do PT Ricardo Berzoini e o presidente atual da legenda, José Eduardo Dutra, sempre me deram todo apoio.

Quais são os seus planos profissionais a partir de agora?
Eu tenho muitos clientes fora do Brasil e provavelmente me dedique mais a eles, nos próximos dois anos. Estou examinando também, com carinho, uma proposta de sociedade de uma empresa americana de marketing político para atuação junto ao eleitorado latino, nos Estados Unidos.

Quero ver, também, se tenho tempo de terminar dois livros que estou escrevendo, um romance e outro sobre marketing político. Além disso, quero ver se volto a me dedicar à música.

Quanto o sr. cobrou para fazer a campanha de Dilma Rousseff?
O custo total da área de propaganda e marketing, incluindo as pesquisas qualitativas e as quantis estratégicas, foi de R$ 44 milhões.

O Brasil é o país latino-americano no qual as campanhas políticas são as mais caras?
O custo das campanhas no Brasil está diretamente relacionado ao tamanho do eleitorado, à força de sua economia e à qualidade e sofisticação do seu marketing eleitoral. Sem dúvida, um dos melhores do mundo.

Continua a existir uma imagem negativa dos marqueteiros. Esse é um problema de marketing que os principais envolvidos não conseguem solucionar?
Acho que esta suposta imagem negativa está circunscrita a determinados setores da sociedade que não entendem --ou não querem entender-- o verdadeiro papel do marketing político.

Para a maioria da população ocorre exatamente o contrário: há uma profunda curiosidade e atração pelo nosso trabalho. Assim como somos um país com dezenas de milhões de técnicos de futebol, estamos também nos transformando num país com milhões de marqueteiros.

É incrível como hoje todo mundo discute e "entende" de marketing político. Chega a ser pitoresco, nos grupos de pesquisa qualitativa, como eleitores de todas as camadas sociais comentam, opinam e desvendam os segredos do marketing. É uma escola de prática de política.

Há semelhanças entre a transferência de poder do russo Vladimir Putin para Dmitri Medvedev, em 2008, e agora no caso dos brasileiros Lula e Dilma?
Li sobre isso na mídia internacional. É um equívoco absoluto, uma leitura caricata e ligeira. A democracia no Brasil é mais complexa e sofisticada. Mas isso me faz lembrar uma história curiosa.

Como a eleição brasileira chama a atenção em vários países, no início de maio, um emissário não oficial do governo russo mandou um recado para a campanha de Dilma. Essa pessoa queria oferecer o que seria uma técnica que dizia ser infalível de transferência de votos baseada na experiência exitosa de Putin para Medvedev.

Demos muita risada e é claro que recusamos. Mas tenho a impressão que um ou outro integrante da nossa campanha chegou a ficar tentado em pelo menos ouvir o que os russos tinham a dizer. Mas é óbvio que nenhum contato foi feito, embora o episódio demonstre como era imprevisível para alguns a capacidade de Lula de transferir votos para Dilma.para alguns a capacidade de Lula de transferir votos para Dilma.

Fonte: Folha on line

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Roda VIva - José Dirceu - Bloco 4

Roda VIva - José Dirceu - Bloco 3

Roda VIva - José Dirceu - Bloco 2

Roda VIva - José Dirceu - Bloco 1

Forbes” coloca Dilma entre os mais poderosos do mundo

novembro 4th, 2010 | Autor: Jussara Seixas

A revista norte-americana “Forbes” incluiu a presidente eleita do Brasil, a petista Dilma Rousseff, na lista das pessoas mais poderosas do mundo. Ela aparece na 16ª posição. No topo da lista, divulgada ontem (3), está o presidente da China, Hu Jintao.

A revista traz um pequeno perfil de Dilma, informações sobre sua carreira na política e cita números da eleição de 31 de outubro, quando ela foi escolhida pelos brasileiros como a primeira mulher a ocupar a presidência do país.

Na lista da Forbes, Dilma aparece na frente de nomes como Steve Jobs (17º), da Apple, Nicolas Sarkozy (19º), presidente da França, e Hillary Clinton (20º), secretária de Estado norte-americana.

No mês passado, Dilma Rousseff integrou também a lista das mulheres mais poderosas do mundo da mesma revista. Nessa lista, ela apareceu na 95ª posição.

Dilma Rousseff, presidente eleita do Brasil, é 16ª pessoa mais poderosa do mundo, na lista da “Forbes”

Na época, a revista descreveu Dilma como a favorita para vencer o segundo turno das eleições presidenciais.

Veja abaixo os primeiros 20 nomes da lista:

1º Hu Jintao

2º Barack Obama

3º Abdullah bin Abdul Aziz al Saud

4º Vladimir Putin

5º Papa Bento 16

6º Angela Merkel

7º David Cameron

8º Ben Bernanke

9º Sonia Gandhi

10º Bill Gates

11º Zhou Xiaochuan

12º Dmitry Medvedev

13º Rupert Murdoch

14º Silvio Berlusconi

15º Jean-Claude Trichet

16º Dilma Rousseff

17º Steve Jobs

18º Manmohan Singh

19º Nicolas Sarkozy

20º Hillary Clinton

Fonte: Blog da Dilma

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Veja a íntegra da primeira entrevista coletiva de Dilma



Fonte: Uol

Terapia de choque!



- Via 'Jornal do Commercio'. Siga o blog no twitter.

Escrito por Josias de Souza às 02h42

Fonte: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

QUEM FINANCIOU MARINA?



Não pouca gente falou que Marina Silva tinha em seu favor, somente o trololó característico da direita brasileira. Este escriba, inclusive.


Ela durante sua campanha, sempre soube, que só serviria para levar o zé chirico para o segundo tuno e lhe da rmais tempo pra descer a porrada em Dilma. Devidamente auxiliado por uma imprensa financiada pelos clientes tucanos ao longo do país.


Mesmo assim ela cumpriu o papel de hipócrita que lhe coube. Criticou sobremaneira o governo do qual fez parte e o partido que integrou durante toda sua vida. A política muda as pessoas, sabemos disso.


Ela só não foi tão duas caras quanto Heloisa Helena, coerentemente jogada ao limbo da política pelos eleitores porque com ela, perderam a identificação. Ela mesma fez com que isso acontecesse.


Então, nesta matéria do tucano UOL, vemos que os finaciadores do PV (anexo do PSDB) são justamente aqueles que Marina tanto criticou durante o périplo, e durante sua própria vida. Mesmo assim, ela aceitou o dinheiro de bom grado.


O que quer seu inimigo ao lhe doar dinheiro? Que você continue, com aquele dinheiro, a combatê-lo, ou será que o que ele quer é que você dê uma maneirada? Essa é uma resposta fácil. Qualquer criança de 3 anos saberia dizer.


Mas Marina não soube. Marina não soube nada nestas eleições.


Marina será canonizada pelo fato de ter, tão alegremente, auxiliado Serra no segundo turno. Mas como nenhum agradecimento dura pra sempre, após a canonização, ela será jogada aos tubarões justamente por aqueles que lhe estenderam o braço. A caminhada na prancha já começou.


Marina é a mais ingênua das pessoas na política. Ou ingênua ou pilantra.


Preferimos acreditar na primeira opção.

Fonte: http://anaispoliticos.blogspot.com/

A REALIDADE E A FICÇÃO

Sabido é que, conforme o Cloaca mostrou em sua diatribe de hoje, uma manchete do La Republica do Uruguai mostrou exatamente o que ocorreu nas eleições deste domingo. Nem a direita, nem a mídia nem o Papa conseguem derrotar Dilma (veja).


O que veremos no Brasil nos próximos anos é uma venezuelização do país. A mídia vagabunda encabeçada pelos quatro "grandes" (Veja, Estadão, Folha e Globo) criará um clima fantasioso de cerceamento de liberdade de expressão, e boa parte da nossa elite loira e classe média cairá no golpe.


É muito fácil notar que isso já começou. Quando a Veja disse que Lula é ditador e a mídia em geral começou com a história da tal censura da imprensa (censura que até o FInancial Times de Londres disse que não existe) vimos que a semente foi lançada. Dilma, num discurso apaziaguador, garantiu que manteria as liberdades de expressão. Ela deveria ter sido mais dura porque seu recuo pode dar a entender, para quem quiser encarar assim, que verdadeiramente, algum dia as liberdades tivessem sido tosqueadas pelo PT.


Serra em sua ameaça de despedida fez o mesmo. Bateu na tecla da "democracia" como se vivessemos em uma ditadura. E como se não fosse seu partido, seus aliados e a imprensa pátria vadia, quem estivessem procurando fazer nascer no Brasil um governo de exceção Especialmente a exceção econômica, colocando as classes sociais em franco conflito.


Para aquele cidadão comum, com o QI que lhe permite somente acreditar no que é falado pelos veículos tradicionais do imprensalão brasileiro, ficará o medo angustiante de que um dia o governo petista descambará para o totalitarismo.


Essa é a artimanha usada largamente no mundo todo. É assim nos EUA, foi assim na União Soviética. Na Venezuela e na Europa. O que é preciso perceber é, os donos da mídia têm muito claro que os países são seus e portanto, deles podem dispor como bem entenderem. Lembremos que essa mentalidade nasceu em uma época anterior à internet, onde produzir informação custava caro e assim, o zé povinho não seria chamado para participar. Ou seja, no clube do bolinha da mídia mundial, só entrava quem tinha capital suficiente. Em consequência disso, as notícias importantes foram sempre sendo moldadas de acordo com os interesses dos patrões.


Quem consegue se dar conta disso é privilegiado. Mas infelizmente, é a minoria da minoria da sociedade.


A colagem das manchetes desta postagem mostram as duas vertentes do meio informativo brasileiro. No Última Hora vemos que até o mercado brasileiro pedia a continuidade de Lula, externando o pensamento de um empresário português que já havia ameaçado sair do Brasil se Serra vencesse. No outro lado, dentro da imprensa golpista, o Estadão começa com seu celeiro de crises. Um dia depois da vitória, já querem dividir para conquistar. De uma reunião absolutamente comum e despretensiosa, a famiglia Mesquita pretende fazer acreditar que Dilma já está passando a perna em seus aliados. Assim, imaginam que podem disseminar a raiva e as disputas internas. Querem enfraquecer o governo.


Dilma no começo do mandato terá algum capital político para fazer mudanças grandes na forma de lidar com a imprensa, o grande câncer do mundo moderno. Se deixar passar algum tempo, estará de mãos atadas.


Na opinião desse escriba devia agir de maneira simples e eficaz. Devia cortar a verba destinada a esses "grandes" veículos, e redistribuí-la entre os demais, para minar o golpismo. Isso já foi feito de maneira tênue, quando o governo redirecionou as verbas federais de publicidade, tirando o oligopólio dos "grandes" (O Globo fez até editorial esperneando). O caminho é esse mesmo, porém, deve ser acelerado e asseverado.


Dilma não é Lula, é necessário reconhecer. E ela além de tudo, não terá nenhum dia de sossego sem levar bombardeio. A matemática é simples, o imprensalão brasileiro e os coronéis da direita não suportam a idéia de permanecer mais quatro (quiçá oito) anos longe do poder. Farão de tudo para voltar e se der, até mesmo antes do tempo.

Fonte: http://anaispoliticos.blogspot.com/

O Brasil de Dilma: mãos à obra


O Brasil vive sob o descompasso existente entre os avanços econômicos e culturais alcançados nos últimos oito anos e um sistema político arcaico, perpetuador de privilégios. Governos comandados por presidentes populares sempre foram fustigados por essas estruturas arcaicas. Lula não foi exceção e só sobreviveu graças a sua incontestável habilidade política. Daí o seu empenho em, além de eleger a sucessora, dar a ela a possibilidade de governar com um Congresso menos hostil. O Brasil precisa de uma Reforma Política para a nossa democracia avançar. Mas ela não terá efeitos práticos se os meios de comunicação seguirem tendo o absurdo papel político-eleitoral de hoje.


*Laurindo Leal Filho

A vitória de Dilma Roussef é um recado da sociedade às forças conservadoras que tentaram, por vários meios, impedir que isso acontecesse. Entre eles destaque-se os meios de comunicação, transformados em partido político, sem base social mas ainda com grande poder persuasivo.

Foram eles os responsáveis pela realização do segundo turno em 2006 e 2010. Sem mandato, julgam-se no direito absoluto de impor à sociedade suas visões de mundo, defendendo interesses restritos à classe social da qual são parte e porta-vozes. Trata-se de uma distorção incompatível com o jogo democrático. O presidente Lula disse, em excelente entrevista à Carta Maior (com Página 12, da Argentina e La Jornada, do México), estar decidido a se empenhar, fora do governo, no trabalho de "primeiro convencer o meu partido de que a reforma política é importante, (...) e depois, convencer os partidos aliados de que a reforma política é importante. Se tivermos maioria, poderemos votar a reforma política, eu diria, nos próximos dois anos".

Tarefa imprescindível, sem dúvida. O Brasil vive sob o descompasso existente entre os avanços econômicos e culturais alcançados nos últimos oito anos e um sistema político arcaico, perpetuador de privilégios. Executivos comandados por presidentes populares, afinados com as aspirações maiores da sociedade, tiveram sempre a fustigá-los interesses mesquinhos articulados por máquinas políticas instaladas no legislativo, mais suscetível ao voto não-ideológico. Situações geradoras de crises históricas que levaram, por exemplo, Getúlio à morte e Jango ao exílio.

Lula não foi exceção e só sobreviveu graças a sua incontestável habilidade política. Daí o seu empenho em, além de eleger a sucessora, dar a ela a possibilidade de governar com um Congresso menos hostil. Talvez essa tenha sido a maior exasperação da mídia ao perceber que muitos dos seus aliados e representantes tradicionais não voltariam, como não voltarão, à Câmara e ao Senado no ano que vem.

No entanto, o país não pode mais ficar à mercê das circunstâncias de ter, como hoje, um presidente disposto a enfrentar nas urnas esses adversários. Para isso são necessárias novas formas, modernas e democráticas, de se fazer política no Brasil. Financiamento público de campanha, equilíbrio nas representações parlamentares estaduais na Câmara e voto em lista, distrital ou misto, são pontos de partida para a discussão proposta pelo presidente Lula.

Mas a reforma não terá efeitos práticos se os meios de comunicação seguirem tendo o absurdo papel político-eleitoral de hoje. Não há democracia que resista por muito tempo ao poder que tem quatro famílias de estabelecer a agenda política nacional. Derrotadas, graças à força de um governo que as superou nas ruas e nas praças, nada garante que não voltem ainda mais dispostas a apoiar - como já fizerem em outras oportunidades - aventuras golpistas.

Não é tarefa fácil. Exige alta dose de competência e muito sangue frio. Qualquer ação corretiva nessa área é chamada de censura por aqueles que defendem seus privilégios com unhas e dentes. Se arvoram senhores da liberdade de expressão, de falarem o que querem, obrigando todos os demais ao mutismo.

Com a força das urnas, o novo governo pode acelerar algumas das iniciativas esboçadas na gestão que se encerra. A mais urgente é dar ordenação legal ao setor da radiodifusão, verdadeira terra de ninguém, sem lei e sem ordem. O governo Lula deixará para a presidente Dilma o embrião desse projeto calcado nas experiências mais avançadas existentes hoje em todo o mundo e, claro, sintonizadas com a realidade brasileira. Não é possível seguirmos, na era da digitalização e da crescente convergência dos meios, com leis que tratam separadamente as telecomunicações e a radiodifusão. E, esta, além disso datada de 1962, época da chegada do vídeo-tape e da TV em preto e branco.

Quando o mundo convergia suas legislações para adaptar os marcos legais a realidade tecnológica, o Brasil no governo tucano as separava para permitir a privatização das telefônicas e preservar os privilégios dos radiodifusores. Está mais do que na hora de acabar com isso.

Cabe lembrar que já em 2007, o documento final do 3º Congresso Nacional dos Partidos dos Trabalhadores propunha "a imediata revisão dos mecanismos de outorga de canais de rádio e TV, concessões públicas que vêm sendo historicamente tratadas como propriedade absoluta por parte das emissoras de radiodifusão. Esta atualização passa pelo cumprimento da Lei, haja vista a flagrante ilegalidade em diversas emissoras, por maior transparência e agilidade nos processos e pela criação de critérios e mecanismos para que a população possa avaliar e debater não somente a concessão, mas também a renovação de outorgas".

O PT deve se juntar à luta da sociedade organizada para concretizar os preceitos da Constituição Federal de 1988 que estabelecem a proibição do monopólio na mídia e definem como finalidade do conteúdo veicular a educação, a cultura e a arte nacionais.

Que tal começar já, discutindo e aprofundando essas questões no período de transição do governo Lula para o governo Dilma? Passo fundamental nesse sentido é dotar o Ministério das Comunicações de transparência absoluta, aberto à sociedade e aos seus reclamos quanto, por exemplo, a qualidade dos serviços prestados pelas empresas de rádio, televisão e telefonia. Tornando-o partícipe da elaboração e encaminhamento de projetos de lei voltados para a democratização das comunicações, hoje restritos a outras àreas de governo, como as Secretarias Especiais de Direitos Humanos e de Comunicação da Presidência da República.

Mas um novo Ministério das Comunicações é apenas parte do enfrentamento do problema. Por se tratar de questão-chave para a democracia a empreitada deve ser vista como prioridade absoluta do governo como um todo. Só assim haverá massa crítica e força suficientes para avançarmos no projeto nacional de banda larga oferecido por sistema público, acabarmos com a propriedade cruzada dos meios de comunicação, ampliarmos a abrangência de cobertura da TV Brasil e das emissoras de rádio da EBC, garantirmos a aplicação do dispositivo constitucional referente a obrigatoriedade de um percentual de programas regionais na televisão, criarmos uma agência reguladora para os serviços de radiodifusão capaz de, por exemplo, coibir a violação constante dos direitos humanos cometidos no rádio e na TV, entre tantas outras tarefas urgentes.

Sem esquecer a necessidade, prioritária, de impulsionarmos a existência de um grande jornal diário nacional, capaz de oferecer ao brasileiro uma outra visão de mundo, comprometida com a solidariedade e a justiça social, como fazia a Última Hora na metade do século passado.

Vamos buscar aquilo que de melhor o século 20 nos legou para, com a distribuição mais justa e acessível das novas tecnologias, passarmos a oferecer melhor não só as nossas riquezas materiais, mas também nossos preciosos bens simbólicos, fundamentais para a elevação do grau de civilidade do nosso país.

*Artigo de Laurindo Leal Filho publicado originalmente no site Carta Maior


Via site: O Jornalista

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

E agora?

A conquista de um terceiro mandato consecutivo por qualquer força política
representa uma oportunidade nada desprezível de mudanças na história de um país.

Getúlio Vargas governou o Brasil durante quinze anos consecutivos, entre 1930 e 1945, e ajudou a construir a maior economia industrial do hemisfério Sul. Nos Estados Unidos, Franklin Roosevelt redefiniu o perfil de seu país ao passar três mandatos e meio na Casa Branca.

É óbvio que ninguém precisa comparar Dilma Rousseff a tais personagens. Seria absurdo — ao menos pelo que se conhece hoje. Mas essas lembranças ajudam a refletir sobre o que estará em jogo em seu mandato.

Dilma poderá ou não consolidar mudanças positivas produzidas no governo Lula. Poderá ou não aproveitar oportunidades que a conjuntura internacional irá oferecer nos próximos anos. E terá, ou não, capacidade de enfrentar crises e dificuldades inevitáveis no cotidiano de qualquer governo.

O governo tem uma agenda positiva pela frente. As Olimpíadas e a Copa do Mundo representam boas oportunidades de investimento em obras para infraestrutura. O Pré-Sal representa, sim, uma chance de enriquecimento que pode trazer benefícios para o país. O mercado interno encontra-se num bom momento e os investimentos internacionais produtivos não páram de desembarcar.

Mas o sucesso do governo Dilma irá depender de uma conjuntura apenas mas também de a sua capacidade para oferecer respostas adequadas às questões que surgem. No início da campanha José Serra fez uma observação interessada mas correta. Disse que não existe governo na garupa. É assim mesmo. Ninguém governa o país que recebeu. Todo mundo é obrigado a construir a própria administração dia após dia, no confronto de estímulos, pressões e contradições de origem variada e forma diversa.

Dilma receberá um Congresso menos complicado do que Lula no primeiro
mandato. O senado não é mais oposicionista. Considerando vagas já abertas,
outras que devem surgir em função de novas aposentadorias e afastamentos, ela poderá fazer quatro nomeações para o Supremo Tribunal Federal. Não é pouca coisa. Representa a oportunidade de promover uma mudança completa na relação de forças da principal corte do país.

O governo Dilma terá de montar um governo compatível com as alianças que
permitiram sua vitória e precisará fazer força para não ser paralizada pela luta interna. Ela herdou uma dor de cabeça que pode se transformar em pesadelo, o caso Erenice Guerra. Também terá de conviver com um Partido dos Trabalhadores renascido como a maior legenda do Congresso, cuja única liderança real, hoje, é o presidente Lula, que não pode ir para o governo nem ter uma atuação política relevante demais sob o risco de criar constrangimentos diversos.

As chances de Dilma se encontram no mesmo universo que garantiu a sobrevivência e consagração de Lula — a economia. É ali que a nova presidente vai jogar seu destino. A capacidade de equacionar os dramas e dificuldades pela crise cambial, sem prejudicar o crescimento, será o primeiro desafio de seu governo.

Fonte: http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite/

Alternância de que?

O professor Helio Bicudo, advogado com uma biografia corajosa na área de Direitos Humanos, entrou no segundo turno com o argumento de que o eleitor deveria aproveitar seu voto para promover uma alternância de poder no país. Ex-petista, eleitor de Plínio de Arruda Sampaio no primeiro turno, mais tarde Bicudo fez campanha contra Dilma e a favor de José Serra. Nos últimos dias, o argumento foi assumido por vários tucanos. Faz sentido?

Claro que o eleitor escolhe o candidato pelo critério que julgar melhor. Tem gente que usa as pesquisas para votar no vencedor, não é mesmo? Sei de eleitoras que não resistem a um candidato bonito e foi assim que Fernando Collor tomou votos petistas em 1989. Também tem eleitores que votam num concorrente esculhambado só para dizer que as eleições estão esculhambadas demais.

Eu acho que alternância de poder é uma falsa questão. Como observou Janio de Freitas, você pode promover a alternância e trocar o bom pelo ruim, o ruim pelo pior e assim por diante. Também pode, é claro, trocar o bom pelo ótimo ou o péssimo pelo mais ou menos.

O que define o valor de sua escolha é a comparação entre candidatos e seus projetos, sua visão de mundo, seus aliados, sua competência e preparo — não a mudança em si.

Não custa lembrar que nenhum partido, quando ocupa o poder, gosta de falar que alternância é um valor positivo. O PSDB ocupa o governo de São Paulo há 16 anos sem qualquer constrangimento nem vontade de abrir a vaga para o adversário. Tem razão. Seu governo se baseia no voto.

Se levasse o critério a sério, o PSDB não teria lançado candidato a presidente em 2002, depois que Fernando Henrique Cardoso completou 8 anos no Planalto, concorda?

Fonte: http://colunas.epoca.globo.com/paulomoreiraleite/

Desafios para a Presidente Dilma Rousseff

DEBATE ABERTO

A presidente aprofundará a transição, deslocando o acento em favor do social onde estão as maiorias ou manterá a equação que preserva o econômico, de viés monetarista, com as contradições denunciadas pelos movimentos sociais e pelo melhor da inteligentzia brasileira?

Celebramos alegremente a vitória de Dilma Rousseff. E não deixamos de folgar também pela derrota de José Serra que não mereceu ganhar esta eleição dado o nivel indecente de sua campanha, embora os excessos tenham ocorrido nos dois lados. Os bispos conservadores que, à revelia da CNBB, se colocaram fora do jogo democrático e que manipularam a questão da descriminalização do aborto, mobilizando até o Papa em Roma, bem como os pastores evangélicos raivosamente partidizados, sairam desmoralizados.

Post festum, cabe uma reflexão distanciada do que poderá ser o governo de Dilma Rousseff. Esposamos a tese daqueles analistas que viram no governo Lula uma transição de paradigma: de um Estado privatizante, inspirado nos dogmas neoliberais para um Estado republicano que colocou o social em seu centro para atender as demandas da população mais destituída. Toda transição possui um lado de continuidade e outro de ruptura. A continuidade foi a manutenção do projeto macroeconômico para fornecer a base para a estabilidade política e exorcizar os fantasmas do sistema. E a ruptura foi a inauguração de substantivas políticas sociais destinadas à integração de milhões de brasileiros pobres, bem representadas pela Bolsa Familia entre outras. Não se pode negar que, em parte, esta transição ocorreu pois, efetivamente, Lula incluiu socialmente uma França inteira dentro de uma situação de decência. Mas desde o começo, analistas apontavam a inadequação entre projeto econômico e o projeto social. Enquanto aquele recebe do Estado alguns bilhões de reais por ano, em forma de juros, este, o social, tem que se contentar com bem menos.

Não obtante esta disparidade, o fosso entre ricos e pobres diminuiu o que granjeou para Lula extraordinária aceitação.

Agora se coloca a questão: a Presidente aprofundará a transição, deslocando o acento em favor do social onde estão as maiorias ou manterá a equação que preserva o econômico, de viés monetarista, com as contradições denunciadas pelos movimentos sociais e pelo melhor da inteligentzia brasileira?

Estimo que, Dilma deu sinais de que vai se vergar para o lado do social-popular. Mas alguns problemas novos como aquecimento global devem ser impreterivelmente enfrentados. Vejo que a novel Presidente compreendeu a relevância da agenda ambiental, introduzida pela candidata Marina Silva. O PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) deve incorporar a nova consciência de que não seria responsável continuar as obras desconsiderando estes novos dados. E ainda no horizonte se anuncia nova crise econômica, pois os EUA resolveram exportar sua crise, desvalorizando o dólar e nos prejudicando sensivelmente.

Dilma Rousseff marcará seu governo com identidade própria se realizar mais fortemente a agenda que elegeu Lula: a ética e as reformas estruturais. A ética somente será resgatada se houver total transparência nas práticas políticas e não se repita a mercantilização das relações partidárias(“mensalão”).

As reformas estruturais é a dívida que o governo Lula nos deixou. Não teve condições, por falta de base parlamentar segura, de fazer nenhuma das reformas prometidas: a política, a fiscal e a agrária. Se quiser resgatar o perfil originário do PT, Dilma deverá implementar uma reforma política. Será dificil, devido os interesses corporativos dos partidos, em grande parte, vazios de ideologia e famintos de benefícios. A reforma fiscal deve estabelecer uma equidade mínima entre os contribuintes, pois até agora poupava os ricos e onerava pesadamente os assalariados. A reforma agrária não é satisfeita apenas com assentamentos. Deve ser integral e popular levando democracia para o campo e aliviando a favelização das cidades.

Estimo que o mais importante é o salto de consciência que a Presidente deve dar, caso tomar a sério as consequências funestas e até letais da situação mudada da Terra em crise sócio-ecológica. O Brasil será chave na adaptação e no mitigamento pelo fato de deter os principais fatores ecológicos que podem equilibrar o sistema-Terra. Ele poderá ser a primeira potência mundial nos trópicos, não imperial mas cordial e corresponsável pelo destino comum. Esse pacote de questões constitui um desafio da maior gravidade, que a novel Presidente irá enfrentar. Ela possui competência e coragem para estar à altura destes reptos. Que não lhe falte a iluminação e a força do Espírito Criador.

Leonardo Boff é teólogo e escritor.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/

Imprensa paulista já quer 3º turno, mas não terá

As manchetes dos jornais paulistas (e o carioca O Globo) parecem escritas por quem vive em outro país.

Os jornais querem desqualificar a estrondosa vitória de Dilma Rousseff, e querem suavizar a derrota de José Serra.

Pensando bem, não poderia ser muito diferente. A derrota de Serra é também a derrota da imprensa golpista. Folha, Estadão, Veja e Globo chegaram a se desmoralizar para eleger Serra e mesmo em São Paulo, Dilma teve uma vitória moral, porque foi muito bem votada.

De seus 55,7 milhões de votos, 10,5 milhões de votos vieram do Estado de São Paulo.

Serra, mesmo sendo nascido no estado, ex-governador, ex-prefeito, com a máquina do governo estadual e da prefeitura da capital a seu favor, com toda a imprensa a seu favor e fazendo campanha negativa contra Dilma, não conseguiu muito mais votos do que Dilma. Só conseguiu 12,3 milhões de votos.

A imprensa, como formadora de opinião foi um fracasso. Agora querem a revanche.

Isso é o PIG (Partido da Imprensa Golpista) em ação.

Se brincar, arrumam uma crise no futuro governo Dilma, antes mesmo de começar.

Por trás disso há a tentativa de manter a concentração do poder dos meios de comunicação concentrados no eixo Rio-São Paulo, e a mania de querer eleger presidentes, governadores e prefeitos, e compartilhar do poder.

Depois de FHC e ACM, ninguém personaliza melhor a aliança econômica e política imprensa-governo do que José Serra. Por isso a imprensa paulista quer tanto mantê-lo vivo. Sem o governo federal, a prefeitura de São Paulo é uma importante fonte de renda para imprensa paulista que ela não quer perder.

A imprensa paulista quer manter Serra sem mandato, no mesmo patamar de liderança política que estará o presidente Lula em 2011. Vocês acham que alguém se convencerá disso?

Querem um 3º turno, mantendo um embate entre os neo-conservadores de Serra paulicentristas contra o resto do Brasil (inclusive contra os progressistas paulistas). Não vão ter esse terceiro turno. Nem governadores tucanos eleitos aguentam mais o Serra, e a centralização de poder em torno dele.

Fonte: http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com

Íntegra do discurso de Dilma - O primeiro pronunciamento da presidenta eleita

"Minhas amigas e meus amigos de todo o Brasil,

É imensa a minha alegria de estar aqui. Recebi hoje de milhões de brasileiras e brasileiros a missão mais importante de minha vida. Este fato, para além de minha pessoa, é uma demonstração do avanço democrático do nosso país: pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil. Já registro portanto aqui meu primeiro compromisso após a eleição: honrar as mulheres brasileiras, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural. E que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade.

A igualdade de oportunidades para homens e mulheres é um principio essencial da democracia. Gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!

Minha alegria é ainda maior pelo fato de que a presença de uma mulher na presidência da República se dá pelo caminho sagrado do voto, da decisão democrática do eleitor, do exercício mais elevado da cidadania. Por isso, registro aqui outro compromisso com meu país:
- Valorizar a democracia em toda sua dimensão, desde o direito de opinião e expressão até os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social.
- Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa.
- Zelarei pela mais ampla liberdade religiosa e de culto.
- Zelarei pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados em nossa constituição.
- Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da presidência da República.

Nesta longa jornada que me trouxe aqui pude falar e visitar todas as nossas regiões. O que mais me deu esperanças foi a capacidade imensa do nosso povo, de agarrar uma oportunidade, por mais singela que seja, e com ela construir um mundo melhor para sua família. É simplesmente incrível a capacidade de criar e empreender do nosso povo. Por isso, reforço aqui meu compromisso fundamental: a erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras.

Ressalto, entretanto, que esta ambiciosa meta não será realizada pela vontade do governo. Ela é um chamado à nação, aos empresários, às igrejas, às entidades civis, às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem.

Não podemos descansar enquanto houver brasileiros com fome, enquanto houver famílias morando nas ruas, enquanto crianças pobres estiverem abandonadas à própria sorte. A erradicação da miséria nos próximos anos é, assim, uma meta que assumo, mas para a qual peço humildemente o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida.

O Brasil é uma terra generosa e sempre devolverá em dobro cada semente que for plantada com mão amorosa e olhar para o futuro. Minha convicção de assumir a meta de erradicar a miséria vem, não de uma certeza teórica, mas da experiência viva do nosso governo, no qual uma imensa mobilidade social se realizou, tornando hoje possível um sonho que sempre pareceu impossível.

Reconheço que teremos um duro trabalho para qualificar o nosso desenvolvimento econômico. Essa nova era de prosperidade criada pela genialidade do presidente Lula e pela força do povo e de nossos empreendedores encontra seu momento de maior potencial numa época em que a economia das grandes nações se encontra abalada.

No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas.

Longe de dizer, com isso, que pretendamos fechar o país ao mundo. Muito ao contrário, continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações.

Mas é preciso reconhecer que teremos grandes responsabilidades num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento.

É preciso, no plano multilateral, estabelecer regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas. Atuaremos firmemente nos fóruns internacionais com este objetivo.

Cuidaremos de nossa economia com toda responsabilidade. O povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios. O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável.

Por isso, faremos todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público, pela simplificação e atenuação da tributação e pela qualificação dos serviços públicos. Mas recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos.

Sim, buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas, social e ambientalmente sustentáveis. Para isso zelaremos pela poupança pública.

Zelaremos pela meritocracia no funcionalismo e pela excelência do serviço público. Zelarei pelo aperfeiçoamento de todos os mecanismos que liberem a capacidade empreendedora de nosso empresariado e de nosso povo. Valorizarei o Micro Empreendedor Individual, para formalizar milhões de negócios individuais ou familiares, ampliarei os limites do Supersimples e construirei modernos mecanismos de aperfeiçoamento econômico, como fez nosso governo na construção civil, no setor elétrico, na lei de recuperação de empresas, entre outros.

As agências reguladoras terão todo respaldo para atuar com determinação e autonomia, voltadas para a promoção da inovação, da saudável concorrência e da efetividade dos setores regulados.

Apresentaremos sempre com clareza nossos planos de ação governamental. Levaremos ao debate público as grandes questões nacionais. Trataremos sempre com transparência nossas metas, nossos resultados, nossas dificuldades.

Mas acima de tudo quero reafirmar nosso compromisso com a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas.

Trataremos os recursos provenientes de nossas riquezas sempre com pensamento de longo prazo. Por isso trabalharei no Congresso pela aprovação do Fundo Social do Pré-Sal. Por meio dele queremos realizar muitos de nossos objetivos sociais.

Recusaremos o gasto efêmero que deixa para as futuras gerações apenas as dívidas e a desesperança.

O Fundo Social é mecanismo de poupança de longo prazo, para apoiar as atuais e futuras gerações. Ele é o mais importante fruto do novo modelo que propusemos para a exploração do pré-sal, que reserva à Nação e ao povo a parcela mais importante dessas riquezas.

Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas. Me comprometi nesta campanha com a qualificação da Educação e dos Serviços de Saúde. Me comprometi também com a melhoria da segurança pública. Com o combate às drogas que infelicitam nossas famílias.

Reafirmo aqui estes compromissos. Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos. Mas acompanharei pessoalmente estas áreas capitais para o desenvolvimento de nosso povo.

A visão moderna do desenvolvimento econômico é aquela que valoriza o trabalhador e sua família, o cidadão e sua comunidade, oferecendo acesso a educação e saúde de qualidade. É aquela que convive com o meio ambiente sem agredí-lo e sem criar passivos maiores que as conquistas do próprio desenvolvimento.

Não pretendo me estender aqui, neste primeiro pronunciamento ao país, mas quero registrar que todos os compromissos que assumi, perseguirei de forma dedicada e carinhosa. Disse na campanha que os mais necessitados, as crianças, os jovens, as pessoas com deficiência, o trabalhador desempregado, o idoso teriam toda minha atenção. Reafirmo aqui este compromisso.

Fui eleita com uma coligação de dez partidos e com apoio de lideranças de vários outros partidos. Vou com eles construir um governo onde a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país será o critério fundamental.

Vou valorizar os quadros profissionais da administração pública, independente de filiação partidária.

Dirijo-me também aos partidos de oposição e aos setores da sociedade que não estiveram conosco nesta caminhada. Estendo minha mão a eles. De minha parte não haverá discriminação, privilégios ou compadrio.

A partir de minha posse serei presidenta de todos os brasileiros e brasileiras, respeitando as diferenças de opinião, de crença e de orientação política.

Nosso país precisa ainda melhorar a conduta e a qualidade da política. Quero empenhar-me, junto com todos os partidos, numa reforma política que eleve os valores republicanos, avançando em nossa jovem democracia.

Ao mesmo tempo, afirmo com clareza que valorizarei a transparência na administração pública. Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo. Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos.

Deixei para o final os meus agradecimentos, pois quero destacá-los. Primeiro, ao povo que me dedicou seu apoio. Serei eternamente grata pela oportunidade única de servir ao meu país no seu mais alto posto. Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido, em todos os lugares que passei.

Mas agradeço respeitosamente também aqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas. Eles também fizeram valer a festa da democracia.

Agradeço as lideranças partidárias que me apoiaram e comandaram esta jornada, meus assessores, minhas equipes de trabalho e todos os que dedicaram meses inteiros a esse árduo trabalho. Agradeço a imprensa brasileira e estrangeira que aqui atua e cada um de seus profissionais pela cobertura do processo eleitoral.

Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste. Mas quem, como eu, lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida; quem, como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. Por isso, não carregarei nenhum ressentimento.

Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras. As criticas do jornalismo livre ajudam ao pais e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.

Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda. Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente. A alegria que sinto pela minha vitória se mistura com a emoção da sua despedida.

Sei que um líder como Lula nunca estará longe de seu povo e de cada um de nós. Baterei muito a sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta. Sei que a distância de um cargo nada significa para um homem de tamanha grandeza e generosidade. A tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora. Mas saberei honrar seu legado. Saberei consolidar e avançar sua obra.

Aprendi com ele que quando se governa pensando no interesse público e nos mais necessitados uma imensa força brota do nosso povo. Uma força que leva o país para frente e ajuda a vencer os maiores desafios.

Passada a eleição agora é hora de trabalho. Passado o debate de projetos agora é hora de união. União pela educação, união pelo desenvolvimento, união pelo país. Junto comigo foram eleitos novos governadores, deputados, senadores. Ao parabenizá-los, convido a todos, independente de cor partidária, para uma ação determinada pelo futuro de nosso país.

Sempre com a convicção de que a Nação Brasileira será exatamente do tamanho daquilo que, juntos, fizermos por ela.

Muito obrigada."