Publicado em 21-Jul-2010
Em entrevista de página inteira à Folha de S.Paulo de hoje - parte do espaço é ocupada por perfil da entrevistada - a procuradora eleitoral Sandra Cureau, na prática, retrata-se das declarações que fez sobre a participação do presidente Lula na campanha deste ano. Ela reconhece, também, não haver no processo eleitoral em curso nenhum elemento até agora que embase pedido de impugnação de candidatura. Primeiro ponto: se não há - e não existe mesmo à luz da legislação - a questão não devia ter sido levantada. Nem como hipótese. Segundo ponto: o Estadão de hoje sai na frente e apressa-se em limpar a barra da procuradora afirmando que ela abriu mais processos contra o PSDB e o candidato da oposição, José Serra (PSDB-DEM-PPS) do que contra o PT e a candidatura Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados).
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Sandra Cureau
Em entrevista de página inteira à Folha de S.Paulo de hoje - parte do espaço é ocupada por perfil da entrevistada - a procuradora eleitoral Sandra Cureau, na prática, retrata-se das declarações que fez sobre a participação do presidente Lula na campanha deste ano. Ela reconhece, também, não haver no processo eleitoral em curso nenhum elemento até agora que embase pedido de impugnação de candidatura.
Primeiro ponto: se não há - e não existe mesmo à luz da legislação - a questão não devia ter sido levantada. Nem como hipótese. Segundo ponto: o Estadão de hoje sai na frente e apressa-se em limpar a barra da procuradora afirmando que ela abriu mais processos contra o PSDB e o candidato da oposição, José Serra (PSDB-DEM-PPS) do que contra o PT e a candidatura Dilma Rousseff (governo-PT-partidos aliados).
Soa esfarrapada a desculpa publicada pelo jornal. A matéria diz que as representações contra o PT, o presidente Lula e Dilma repercutiram mais por já terem sido julgadas. E que os "ilícitos" dos petistas foram julgados primeiro porque cometidos antes, da mesma forma que a entrada das ações contra o meu partido. O jornal e quem lhe passou o balanço só se esqueceram de registrar aquele erro grosseiro na representação julgada - e arquivada - essa semana contra Serra.
Ele não foi punido por campanha eleitoral antecipada no rádio e TV porque a procuradora não anexou as provas do crime (vídeos e áudios) à representação feita pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) contra o tucano. Omissão muito clara para o próprio ministro Joelson Dias que arquivou o processo, e alertou ser farta a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quanto ao fato de que é "indispensável" ações dessa ordem serem acompanhadas pelo "registro de áudio e vídeo".
As provas foram posteriormente anexadas ao processo, mas não pela procuradora que, além de ter “esquecido” de juntá-las, também deixou passar o prazo para corrigir o erro. E sequer se justificou. Mas isso, só a blogosfera tem registrado, nos jornalões passa batido.
A entrevista
Em duas perguntas que transcrevo abaixo, bem ao estilo Folha de quase induzir a entrevistada a fazer o que o jornal quer, a procuradora se retrata.
FSP:Há dados para impugnar uma candidatura presidencial?
Sandra Cureau: As multas aplicadas até aqui, sozinhas, não são capazes de impugnar. Não houve até aqui situações que possam caracterizar desequilíbrio das eleições. Teria de ter um ato que fizesse uma candidatura subir astronomicamente nas pesquisas. Isso não aconteceu. Quanto mais importante o cargo, mais cuidadoso você tem de ser, para não cair no golpismo.
FSP:Como assim?
Sandra Cureau: Golpismo no sentido de alguém fazer uma artimanha para afastar o outro da eleição, pegar um ato apenas. Por isso tem de ser algo que desequilibre as eleições para levar a uma impugnação.
Fonte: Blog do Zé
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